OPINIÃO: Educação profissional em tempos de crise

OPINIÃO: Educação profissional em tempos de crise

* José Mateus Bido

Como encarar a educação profissional, herdeira de grandes críticas sobre sua forma de oferta, em tempos de crise econômica?

É fato que a formação profissional deve ser compreendida como um processo que integra a formação humana, cidadã, científica e tecnológica em face dos diferentes setores da produção humana, pelo trabalho. Para entender de outra maneira, as novas gerações precisam ser preparadas para que a sua inserção no processo produtivo faça parte de um planejamento institucionalizado. Por outro lado, para que a condição produtiva seja mantida, as gerações produtoras precisam entender que a atualização, o aperfeiçoamento e a formação continuada são necessários.

As instituições criadas para a oferta de formação profissional podem assumir duas posturas diante da crise econômica: a) para que haja crescimento produtivo e, consequentemente, desenvolvimento da economia, pode-se optar pela oferta aligeirada de pessoas que venham preencher os vácuos produtivos; b) flexibilizar a formação, criando a condição de adaptação do trabalhador ao meio produtivo.

Estas posturas formativas atendem, em parte, ao processo produtivo, se houverem ofertas de campos de trabalho. Em não havendo, a Formação Profissional precisa estabelecer critérios que projetem este agente produtivo (trabalhador) diante das condições de geração de emprego e renda. Em outras palavras, é preciso formar a nova geração e educar as demais com perspectiva de análise ampla sobre o mundo do trabalho. Isso significa dizer que é oportuna a condição proativa dos trabalhadores, no sentido de serem perspicazes frente a eventuais situações de crise. É aqui que a condição de emprego e de trabalho se diferenciam. Emprego é um meio pelo qual, mediante contrato de trabalho, um agente produz em troca de um salário. Trabalho, em linhas gerais, é a ação produtiva do homem, tendo o resultado financeiro com a oferta daquilo que é demanda da comunidade.

É dever, portanto, da educação profissional, preparar pessoas para o mundo do trabalho, o que extrapola os horizontes do emprego. Trata-se de uma preparação com leitura crítica, a qual é determinante para que o trabalhador, ao entender a dinâmica do meio produtivo em que está inserido, possa responder conscientemente pela sua ação criadora (trabalho) para que não pereça diante das condições do “mercado produtivo”. É nesta perspectiva que a Rede Federal de Educação, Ciência e Tecnologia se coloca diante da formação da pessoa para o mundo do trabalho. Para a superação da crise é necessário um sujeito que estude, planeje, pense criticamente e aja de maneira a dar respostas aos desafios que ela mesma coloca sobre si. É possibilitar que a pessoa seja autônoma diante da crise e não autômata. Autônoma é a atitude de buscar alternativas produtivas. Autômata é a atitude de esperar pela solução do problema, dada por outra pessoa ou instituição.
Fonte: José Mateus Bido – Referenciado In:- http://institutofederal.mec.gov.br/

 



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